sábado, fevereiro 14

ILHA GRANDE: cicloviagem



Assim como navegar, pedalar é preciso. Por isso fui fazer as duas coisas neste finde. Já que não é possível pedalar até a Ilha Grande, a idéia era ir 'by pedal' até Mangaratiba e de lá pegar uma traineira.

Como éramos só dois, faríamos poucas paradas: apenas duas, de 15 minutos, para pipi-stop e comprar água. Queríamos chegar lá cedo: eram apenas 110 km, e calculei chegar em Mangaratiba por volta de meio-dia. Saímos de Ipanema às 5h45. Fui leve: novamente, eu e minha pochete apenas.



Niemeyer vazia e mais seca que o usual: o esgotão deu uma trégua. Em São Conrado, decidimos não ir pelo Joá, já que era cedo e o trânsito estava bem tranquilo. Fomos pelo túnel e ganhamos um bocado de tempo, já que sou lenta pra subir.

Na Barra, Av. das Américas até o Recreio. A essa altura a chuva começou a castigar mais forte, tanto que o pelotão de speedeiros que roda por ali aos sábados cedinho nem deu as caras. Um ou outro passava por nós batido.

Quem me conhece ciclisticamente sabe o quanto gosto de pedalar na chuva. Mas hoje ela não era bem vinda. Se chovesse, meu companheiro de pedal ficaria sem freios.

A primeira parada foi na Lokal, a padaria de sempre ali do Recreio. Dez minutos, tempo para ir ao banheiro, comer algo e beber um Guaraviton. Seguimos pela pista da praia até a Estrada do Pontal, rumo à Guaratiba. Logo depois de subir e descer a Grota Funda, problemas à vista.

Pontadas no joelho esquerdo, seguidas por uma dor forte. Já conhecia essa dor. Senti-a uma única vez, no dia em que machuquei o mesmo joelho, há três meses. Fiquei com medo de não conseguir chegar lá. Mas como já sei que o problema não vai se agravar terminando o pedal e que a questão era meramente saber lidar com a dor, tomei o analgésico que levo no meu kit de sobrevivência da Margot e fomos adiante.

Isso me custou mais duas pequenas paradas para alongar a perna esquerda. Na altura de Santa Cruz calculei que eu precisava comer, pois não estava com fome. Fizemos então a segunda parada em um posto, para comer algo rápido.



Encaramos a confusão das vans no centro de Santa Cruz e logo depois já estávamos na Av. Brasil e então Rio-Santos. A estrada é bem gostosa, com um acostamento bom pra pedalar. Passou rápido, muito rápido. Com aquele visual todo da Costa Verde, impossível se cansar.



Um subidão, pouco íngreme, e o túnel antes de Mangaratiba. Na entrada do túnel, conheci um arame que queria ser corrente. Era um pedaço de arame 1,5 metro grosso que sonhava em virar corrente de bicicleta, e por isso se enroscou completamente na minha relação.



Sempre dizem que minha bike é pesada por que carrego coisas demais. Mas ultimamente todos os cacarecos que levo tem sido úteis. Assim com minha pinça, tesourinha e hoje com o alicate, que nos ajudou a desenroscar (o arame era grosso demais para cortar) as muitas voltas que ele deu no câmbio.

Na saída para Mangaratiba, agradeci. O joelho já doía muito e me obrigou a ir bem devagarzinho. Ainda tinha uns 5 km por dentro da cidade, com muitas subidinhas enjoadas, até o cais onde pegaríamos o barco pra ilha.

Chegamos dentro do previsto: era 12h30 e o barco só sairia às 14h. Mas a espera valeu a pena. O barco foi premiado e no caminho tivemos a companhia de três serelepes golfinhos, que 'surfavam' nas ondas da traineira e davam piruetas alegremente.

Ganhamos também uma amiga: Carol Amém, mochileira-publicitária-atendente de bar que já estava há um mês na vila de Palmas, em Ilha Grande.



E descobri um lugar perfeito para uma 'mulher de ciclos' como eu morar: dentro de uma roda!



Por conta do joelho bichado, cancelamos os planos de fazer a trilha até Dois Rios, praia onde fica o Presídio da Ilha Grande. Tive que me contentar em comer moqueca, beber vinho, ficar de pernas pro ar e tomar banho de mar na praia que tem areia preta. Chato, muito chato.









A volta seria no domingo, de busão. Primeiro, pegar a barca das 17h30 até Mangaratiba, e de lá ônibus para a Rodoviária Novo Rio. Na barca, conhecemos Hugo, ciclista francês que estava há um ano dando a volta na América do Sul de bike. E tivemos a honra de acompanhá-lo no encerramento de sua viagem, levando-o da rodoviária até seu destino final, Botafogo.



Ele perguntou por Copa, mas expliquei a ele que Botafogo era antes. Copa ficaria para outro dia. Daqui a uma semana ele vai conhecer o carnaval de Salvador, e depois estará de volta no Rio. Combinamos de fazer pedais por aí.

Rumo a casa, onde cheguei, tomei banho e fui dormir. Bikes imundas, alma lavada e a certeza de que as melhores viagens são aquelas em que você não leva quase nada, mas volta com tanta coisa na bagagem...

3 comentários:

  1. Mas que beleza de postagem! Estou justamente me preparando para realizar o trajeto Santos-Mangaratiba com um amigo em abril. Inicialmente pensamos em encerrar o pedal no Rio, mas meu amigo achou que seria muito perigoso entrar pedalando na Cidade Maravilhosa. Se tiveres uns conselhos pra me dar, por favor visite o meu blog (já tem um link pra esse, lá) ou entre em contato pelo e-mail leo_esch@yahoo.com
    As portas por aqui estão abertas, não deixe de entrar em contato quando pensar em vir pro Sul!!!
    Abraço,
    Leonardo Esch.

    ResponderExcluir
  2. Ótimo blog. Conheci hoje e não consegui parar de ler antes de dar sede e vontade irresistível de ir ao banheiro! Indiquei aos amigos. Provavalmente nos veremos hoje. Sou o Edu que está convidando pra palestra do Alarico e você disse que vinha. Também organizei o Audax ano passado. Neste ano espero vê-la por lá, de preferência nas três provas (2 de 200 km e uma de 300 km). Visite o blog: audaxrio.blogspot.com.
    Forte abraço.
    Edu

    ResponderExcluir
  3. Em maio vou dar a volta na ilha em 10 dias e seria o máximo chegar lá de bicicleta. Já pensou, que sabe um dia. Abs

    ResponderExcluir

QUEM É A MULHER DE CICLOS?

Minha foto
Ficou curioso? Quer saber quem é a Mulher de Ciclos? Então clique aqui.