
Assim como navegar, pedalar é preciso. Por isso fui fazer as duas coisas neste finde. Já que não é possível pedalar até a Ilha Grande, a idéia era ir 'by pedal' até Mangaratiba e de lá pegar uma traineira.
Como éramos só dois, faríamos poucas paradas: apenas duas, de 15 minutos, para pipi-stop e comprar água. Queríamos chegar lá cedo: eram apenas 110 km, e calculei chegar em Mangaratiba por volta de meio-dia. Saímos de Ipanema às 5h45. Fui leve: novamente, eu e minha pochete apenas.

Niemeyer vazia e mais seca que o usual: o esgotão deu uma trégua. Em São Conrado, decidimos não ir pelo Joá, já que era cedo e o trânsito estava bem tranquilo. Fomos pelo túnel e ganhamos um bocado de tempo, já que sou lenta pra subir.
Na Barra, Av. das Américas até o Recreio. A essa altura a chuva começou a castigar mais forte, tanto que o pelotão de speedeiros que roda por ali aos sábados cedinho nem deu as caras. Um ou outro passava por nós batido.
Quem me conhece ciclisticamente sabe o quanto gosto de pedalar na chuva. Mas hoje ela não era bem vinda. Se chovesse, meu companheiro de pedal ficaria sem freios.
A primeira parada foi na Lokal, a padaria de sempre ali do Recreio. Dez minutos, tempo para ir ao banheiro, comer algo e beber um Guaraviton. Seguimos pela pista da praia até a Estrada do Pontal, rumo à Guaratiba. Logo depois de subir e descer a Grota Funda, problemas à vista.
Pontadas no joelho esquerdo, seguidas por uma dor forte. Já conhecia essa dor. Senti-a uma única vez, no dia em que machuquei o mesmo joelho, há três meses. Fiquei com medo de não conseguir chegar lá. Mas como já sei que o problema não vai se agravar terminando o pedal e que a questão era meramente saber lidar com a dor, tomei o analgésico que levo no meu kit de sobrevivência da Margot e fomos adiante.
Isso me custou mais duas pequenas paradas para alongar a perna esquerda. Na altura de Santa Cruz calculei que eu precisava comer, pois não estava com fome. Fizemos então a segunda parada em um posto, para comer algo rápido.

Encaramos a confusão das vans no centro de Santa Cruz e logo depois já estávamos na Av. Brasil e então Rio-Santos. A estrada é bem gostosa, com um acostamento bom pra pedalar. Passou rápido, muito rápido. Com aquele visual todo da Costa Verde, impossível se cansar.

Um subidão, pouco íngreme, e o túnel antes de Mangaratiba. Na entrada do túnel, conheci um arame que queria ser corrente. Era um pedaço de arame 1,5 metro grosso que sonhava em virar corrente de bicicleta, e por isso se enroscou completamente na minha relação.

Sempre dizem que minha bike é pesada por que carrego coisas demais. Mas ultimamente todos os cacarecos que levo tem sido úteis. Assim com minha pinça, tesourinha e hoje com o alicate, que nos ajudou a desenroscar (o arame era grosso demais para cortar) as muitas voltas que ele deu no câmbio.
Na saída para Mangaratiba, agradeci. O joelho já doía muito e me obrigou a ir bem devagarzinho. Ainda tinha uns 5 km por dentro da cidade, com muitas subidinhas enjoadas, até o cais onde pegaríamos o barco pra ilha.
Chegamos dentro do previsto: era 12h30 e o barco só sairia às 14h. Mas a espera valeu a pena. O barco foi premiado e no caminho tivemos a companhia de três serelepes golfinhos, que 'surfavam' nas ondas da traineira e davam piruetas alegremente.
Ganhamos também uma amiga: Carol Amém, mochileira-publicitária-atendente de bar que já estava há um mês na vila de Palmas, em Ilha Grande.

E descobri um lugar perfeito para uma 'mulher de ciclos' como eu morar: dentro de uma roda!

Por conta do joelho bichado, cancelamos os planos de fazer a trilha até Dois Rios, praia onde fica o Presídio da Ilha Grande. Tive que me contentar em comer moqueca, beber vinho, ficar de pernas pro ar e tomar banho de mar na praia que tem areia preta. Chato, muito chato.




A volta seria no domingo, de busão. Primeiro, pegar a barca das 17h30 até Mangaratiba, e de lá ônibus para a Rodoviária Novo Rio. Na barca, conhecemos Hugo, ciclista francês que estava há um ano dando a volta na América do Sul de bike. E tivemos a honra de acompanhá-lo no encerramento de sua viagem, levando-o da rodoviária até seu destino final, Botafogo.

Ele perguntou por Copa, mas expliquei a ele que Botafogo era antes. Copa ficaria para outro dia. Daqui a uma semana ele vai conhecer o carnaval de Salvador, e depois estará de volta no Rio. Combinamos de fazer pedais por aí.
Rumo a casa, onde cheguei, tomei banho e fui dormir. Bikes imundas, alma lavada e a certeza de que as melhores viagens são aquelas em que você não leva quase nada, mas volta com tanta coisa na bagagem...

Mas que beleza de postagem! Estou justamente me preparando para realizar o trajeto Santos-Mangaratiba com um amigo em abril. Inicialmente pensamos em encerrar o pedal no Rio, mas meu amigo achou que seria muito perigoso entrar pedalando na Cidade Maravilhosa. Se tiveres uns conselhos pra me dar, por favor visite o meu blog (já tem um link pra esse, lá) ou entre em contato pelo e-mail leo_esch@yahoo.com
ResponderExcluirAs portas por aqui estão abertas, não deixe de entrar em contato quando pensar em vir pro Sul!!!
Abraço,
Leonardo Esch.
Ótimo blog. Conheci hoje e não consegui parar de ler antes de dar sede e vontade irresistível de ir ao banheiro! Indiquei aos amigos. Provavalmente nos veremos hoje. Sou o Edu que está convidando pra palestra do Alarico e você disse que vinha. Também organizei o Audax ano passado. Neste ano espero vê-la por lá, de preferência nas três provas (2 de 200 km e uma de 300 km). Visite o blog: audaxrio.blogspot.com.
ResponderExcluirForte abraço.
Edu
Em maio vou dar a volta na ilha em 10 dias e seria o máximo chegar lá de bicicleta. Já pensou, que sabe um dia. Abs
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