sábado, abril 4

PAINEIRAS, VALE ENCANTANDO E VISTA CHINESA, COM SESSÃO DE DO-IN

O que é uma Mulher de Ciclos sem seu ciclo? Perdi o meu já quase chegando em casa. Mas nem me importei muito: ganhamos tanta coisa no pedal hoje, vou me preocupar com um pedaço de plástico?

Não quis subir pela Vista Chinesa com Gafanhoto e Letrado por que a asma tem me perseguido um pouco. Também por causa da saudade dos ‘meus iguais’ - subiriam por Paineiras, queria vê-los logo.



Subir em ritmo alheio e ir na retaguarda também é muito bom. Eu ia devagar: conversava com tanta gente, por todo o caminho, que nem senti que estávamos subindo. Na cancela da Estrada das Paineiras, Gafanhoto e Letrado nos encontram, fazendo um duelo de titãs: difícil escolher a camisa mais bonita e original.

Lá em cima na Floresta teríamos uma aula de Do-In com Ashbel, nosso monge taoísta preferido. Pessoa generosa que só ele, era fácil perceber como estava contente. Mas ele não foi só: levou sua fiel escudeira na cadeirinha da bike, Princesa Sofia, que encantou a todos com grandes olhos expressivos e uma tranqüilidade enorme, do alto de seus três anos de idade.





No platô do Mirante, uma grande roda para escutar as palavras de Ashbel, que nos contava a diferença entre Do-In e Shiatsu, e dava explicações antes da prática. Todos à vontade, sem luvas, capacetes, sapatilhas e meias, esparramados no chão, felizes e incontroláveis tais quais crianças no Jardim de Infância.



A aula foi espetacular. Tanto, mas tanto, que de vez em quando tínhamos que segurar algum ciclista para que ele não saísse flutuando por aí. Depois, fizemos uma ‘conchinha’ gigantesca, que os passantes olhavam com cara de interrogação e risos: um trenzinho para fazer massagem no companheiro. Era só repetir no da frente o que sentíamos em nós mesmos. Simples e genial.



O final foi de mãos dadas com saudações de Ashbel. E claro, abraço coletivo no nosso ‘guru’. Emocionante ver todas aquelas pessoas, que tinham chegado ali depois de um esforço em conjunto, em tanta harmonia. Uma experiência para entrar na minha lista das mais emocionantes.



Mas o destino tem seus caprichos. Ultimamente ele anda numa jogatina só, e ali percebi que havia novamente lançado seus dados. Os dados ainda estão rolando, e eu numa expectativa enorme de que saiam números altos.



Parte desceu Paineiras, e seguimos para o Alto da Boa Vista. Descendo para o Alto, um acidente. O gêmeo encapetado, John Paul Jones, derrapa na curva e por pouco não rola ribanceira abaixo. A roupa rasgada já denunciava o estrago: muitas escoriações, mas só.



Com machucados cuidados por três ninfas ciclísticas da Floresta, fiquei com medo de todos os marmanjos do grupo irem tombando, um a um nas curvas, só para receberam tamanhos cuidados...



Depois de Vassouras viciei em batatinhas tóxicas e radioativas, aquelas de pacote, sabor carne assada, tão ruins que chegam a ser boas. E agora são a minha opção no Postinho quando acaba o pão de queijo.



Parte do grupo seguiu direto para a Vista Chinesa, e nós rumamos para o Vale Encantado, que eu não ia há muito. A Igrejinha estava lá vazia, hoje sem casório. A bela vista recompensa a subida.



Sentados na pracinha, falávamos barbaridades e relembrávamos a Festa de Gafanhoto enquanto eu comia geléia de mocotó, para nostalgia dos demais.



Voltamos para o Alto, onde Milgram nos apresenta uma biquinha esperta para abastecer as caramanholas. Dali, alguns se despedem e seguem para a Tijuca, e subimos em direção à Vista Chinesa.



Vejo que JPJ fica para trás, ou seja, algo está errado. Mas como ciclistas-machos nunca choram, sentem dor ou cansaço, fico preocupada. Mas tudo bem quando termina bem, e terminamos a subida na Mesa do Imperador, comendo coletivamente a minha maçã e introduzindo Léo nas piadas de speedeiro.



No Horto, combinamos de nos livrar das cinzas da Festa de Gafanhoto lá em casa, por que os ossos já foram enterrados na semana passada. Volto pela ciclovia da praia com JPJ e Marcela, para vermos o mar.

Saldo final: não sei quantos quilômetros por que perdi meu ciclo. Não sei quantas horas, por que nem me dei conta do tempo passando. Nova forma de perceber o próprio corpo, com a aula de Do-In. Nova aquisição para o grupo, para tornar par o que tem sido ímpar. Novos limites de velocidade para descer. Nova mascotinha ciclística, Princesa Sofia. Uma gostosa recepção para quando chegasse do pedal, com bobó de camarão e tudo. E uma deliciosa lição: pare, olhe e veja que o copo está metade cheio, nunca metade vazio.

5 comentários:

  1. senti o cheiro da mata nas suas palavras. Entendi exatamente o que vc sentiu, somos privilegiados por ter tudo isto e nem nos damos conta. Parabéns pela sua vibração e reconhecimento do quanto tudo isto é realmente importante para mantermos a sanidade nesta cidade louca.

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  2. Oi Thais, gostei muito do seu post, como sempre. É impressão minha ou tá tocando aquela musiquinha "Love's in the air..."?

    bjs

    Henrique

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  3. Quanta gente! Quantos lugares lindos! Thais, se um dia eu for pro Rio, vc me leva passear nesses pedais maravilhosos?
    Bjs!

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  4. Thais, emocionada por ver em suas palavras um resumo dos meus sentimentos!
    Estou muuuito feliz pelas novas "aquisições"! Companheiros especias... encantamento... carinho instantâneo!!
    Em pares podemos multiplicar ainda mais os sonhos!!!
    Beijos grandes

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  5. Eu sou mega suspeito para comentar no brogue, mas a verdade é que você ainda me emociona muito briochinho... Deve ser por conta da nossa amizade, que está sempre em flor... E por falar nelas, as flores, eu desejo que você se sinta muito bem-vinda Dani, e ajude-nos a empurrar o mundo e até quem sabe modificá-lo, só um pouquinho, com amor e vigorosas pedaladas.

    Beijos do gafanhoto...

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