sábado, janeiro 10

BARRA DO SANA: 1ª cicloviagem do ano (PARTE III)



Brados marcaram o início da RJ-142. Mestre Gafanhoto agradecia ao Universo. O que perdemos em acostamento ganhamos em visual e aromas. Logo a serrinha se mostrou e começamos a subir. Depois de algumas subidas, um descidão espetacular. Poucas vezes fiz descida tão deliciosa.



Paramos logo depois dela. Para reagrupar? Não necessariamente. Era impossível continuar com a vista que se impunha. O rio se mostrava à direita, preguiçoso, caudaloso, com pedras. Lindo demais. Ficamos só observando.



Mais subidas, pouco íngremes, mas a essa altura, já tínhamos mais de 150 km de pedal. Corpo cansado, exaurido do calor e faminto. E eis que surge uma subida enjoada. Decidimos parar e no finalzinho dela, já que ia parar mesmo, desci da magrela onde estava e empurrei o resto até a birosca. Que tinha um duchão de cano revigorante. Mas o melhor ainda estava por vir: mais no alto, no topo de uma escada feiosa, escondia-se uma piscina que o dono liberou pra gente usar.



Correria. Eu e rosquinha-de-padaria subimos correndo os degraus, ensandecidas, para apenas sentar na beira da água e bater pezinhos. Ficamos ali nos acostumando com a água gelada enquanto os demais ciclistas selvagens pulavam na piscina, num festival sem fim de barrigadas. Teve quem entrou do jeito que estava, de capacete e sapatilha. Claro, ciclista bom é ciclista até debaixo d’água.

Ali tivemos momento de forró e de lambada. Baixou um caboclo Beto Barbosa em um de nossos companheiros. A outra, arrastando pé, dançando xaxado, tal qual uma rosquinha-do-agreste.

Seguimos subindo. A noite caiu e fomos todos bem juntinhos, de conchinha, na beira da estrada sem acostamento. Todos acesinhos, literalmente. Logo na primeira curva, lá estava ela, vindo nos saudar: a Lua, enorme, majestosa, no meio daquele breu. Não resistimos. Gritamos, pulamos, nos emocionamos e agradecemos novamente por estarmos ali juntos.



Logo chegou a entrada do Sana. Ali começava a estradinha de terra, esburacada, com cascalho e bem traiçoeira. Não havia iluminação. Nosso Mr. Magoo não levou seu cão-guia, que tal qual o Alfredinho, tem medo de águas bravias. Fui ao seu lado, fazendo a escolta. Dois faróis iluminam melhor que um, certo?



Um carro passou por nós e nos saudou: “Aê, galera do Rio!”. Pelo visto Sana é mesmo muito grande. A notícia de que viríamos pedalando do Rio já havia corrido a “cidade” inteira.

Mais à frente, um grito. E um pisca se apaga. Era Rê. Quase foi atropelada por um cavalo desgovernado, de um cavaleiro bebum que havia caído logo à sua frente. Ele subiu no pobre animal e partiu. Nada sério, só pancada. Seguimos adiante. E começaram os paralelepípedos, sinal de que finalmente havíamos chegado a Barra do Sana.

Um comentário:

  1. O dono daquela birosca foi um santo! Bendita água gelada dessa piscina! Sai de lá uma nova ciclista!!

    Ass: Rosquinha de Padaria

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