Centauro Cibernético

Hoje foi um dia especial. Acordei triste e fiquei um pouco deprimida o dia inteiro. Abstinência do pedal? Pode ser. Já deve ter uns 20 dias que não rodo quilometragem alta.

Mas o dia foi salvo logo no finalzinho, à noite. Conheci uma pessoa interessantíssima, famoso no meio ciclístico, meio lenda urbana, meio mito. Mas que eu não conhecia pessoalmente e que me deu uma lição de vida.

Alarico Moura tem 64 anos e é ciclista. Mas se fosse só isso, a história dele seria muito igual a tantas outras. Ele é amputado da perna esquerda e se auto-intitula um 'centauro cibernético'.

Depois de conhecê-lo, nossos problemas parecem pequeninos, pequeninos. Ele dribla a falta de grana, as dificuldades de um mundo que não foi feito para ele, a falta de informação e o preconceito com muito humor e disposição.

Diariamente, pedala quase 80 km da Ilha do Governador até a ABBR, onde é voluntário. Tem um sem número de troféus e medalhas ganhas no ciclismo, e oito magrelas em casa. Em breve nove, por que um benfeitor anônimo lhe doou um quadro novinho em folha, full-suspention, já que Alá não pode ficar em pé nas descidas (afinal, só tem uma perna de apoio).

Na vida, adota o lema do Chapolin Colorado: 'nada poderá me deter'. E incorpora o Wolverine, dos X-Men, já que vive em um mundo que não tolera a diferença. Depressão e tristeza passam longe dele, que já sofreu de tudo nessa vida, mas que teve a sensibilidade de não se deixar endurecer com as dificuldades.

Sua história de vida é emocionante, seu trabalho é inspirador e sua maestria em lidar com o emocional deixaria muito guru de queixo caído. Virei fã e discípula de Alá, como ele gosta de ser chamado desde criancinha.

E xô baixo astral. Problemas, cadê? Esqueci de todos eles. Passarei a fazer tal qual Alarico: acordar todo dia com o pé direito.