domingo, março 22

VASSOURAS BIKE TOUR 2009: O dia em que voltei a comer banana



Deitei cedo. A gripe maltratou o corpo e dormi convencida de que passaria o dia no hotel, esperando o povo chegar da prova. Como estava convencida mas não conformada, tive pesadelos a noite inteira: todos iam competir e eu ficava só olhando.



Por isso acordei, tomei duas Neosaldinas e me conformei. Me conformei em pedalar gripada, digo. Na rua, carinhas conhecidas pululavam, uma bagunça só. Alá marcava presença. No meio da prova, me gritou palavras de incentivo, enquanto eu pedalava com força pirambeira acima e uns marmanjos empurravam.



O remédio para gripe fez efeito e eu tava cheia de gás nos primeiros 20 km. Pedalava tudo, fui psicologicamente preparada para cair bastante, não queria empurrar bike não. De fato, não caí pedalando: em compensação, me estatelei oito vezes parada. Numa, quase fui barranco abaixo.

Era tanta lama e tanto barro que desclipar ficava difícil. E como tinha apenas uma semana que eu havia clipado, me atrapalhava toda mesmo. Mas sem clipar, impossível subir pirambeiras.



Com chão tão irregular e aquele monte de pedras não dava pra jogar marcha muito leve. Senti que se subisse com força, com bastante tração, a bike vencia qualquer coisa. Mais à frente, uma poça gigante de lama, que parecia areia movediça. Ninguém escapava. Fui empurrando e afundei até acima dos joelhos.



Quando chegamos no single track, comecei a sentir muita dor no corpo. O efeito do remédio tinha passado, e o esforço fez piorar. Já pensando nisso, levei mais Neosaldina comigo. Pausa para tomar remédio e fazer xixi no matinho, e segui. Aí a lama-doce-de-leite tava derrubando todo mundo.

A magrela dançava, sambava, rebolava para um lado e para o outro. Um descidão e asfalto. Soubemos de um ciclista que se machucou. A bike era azul metálica e ficou encostada na árvore. Na hora, me lembrei da bike azul de Bob Pai. Perguntei a fauna local como era o ciclista, se era altão, bigodudo: “ah, era um baixinho, moreno”.

Entramos em Vassouras por outra entrada, não a do dia anterior. Na chegada, a organização ia saudando os cicloturistas que completavam. Lá, mais bagunça, muitas fotos com as meninas rosinhas. Avisei da bike do ciclista largada lá na árvore, para buscarem. E Marcela chega em 3° no feminino, para nos encher de orgulho. A menina é danada.



Fila quilométrica para lavar as magrelas e bananas para os ciclistas. “Temos que nos desconstruir a cada dia”, me diz sempre Mestre Gafanhoto. Achei que já era hora: depois de quinze anos, voltei a comer banana.

3 comentários:

  1. Olá Thaís,
    De todos os posts que já li aqui, esse foi o primeiro que não me deu inveja.
    Esse banho de lama pode ser saudável, mas não atrai...hehehe

    No entanto, dizem não existe crescimento em nossa zona de conforto, logo, parabéns por sua iniciativa e determinação de pedalar com gosto de neosaldina.

    Abraço

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  2. OLÁ!!
    SOU O ORGANIZADOR DO BIKE TOUR 2009!!
    MUITO BOM SEU TEXTO!!

    Gostaria de agradecer a presença!! e espero vocês por aqui ano que vem!!!

    Obs!! resgatamos a bike do ciclista!! mas no atoleiro deve ter pelo menos uns 10 pares de sapatilha!!!rs rs rs!!

    espero por todos no BIKE TOUR 2010!!

    "BIKE TOUR DESAFIANDO SEU LIMITE"

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  3. Muito legal reviver as aventuras com esse seu jeito divertido de contar as histórias. Beijos, Reane (prima do Letrado)

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