quinta-feira, março 26

NOTURNAÇO: Paineiras, Alto da Boa Vista, Vista chinesa

Mais um dia de DRC (para quem não se lembra, DRC = Discutir a Relação Ciclística). Desta vez, com meus Kendas, os malditos pneus slick 1.5 com arame que me deixam de cabelo em pé.



Margot (minha MTB, e não fiquem mal acostumados, não tenho o hábito de facilitar a vida dos meus sete leitores dando explicações assim, não) ainda estava com pneus biscoitão, que usei para vencer (ou afundar?) (n)os lamaçais de Vassouras no finde.



O pneu traseiro tava arriado desde segunda de manhã e fiquei enrolando para trocar. E já que ia ter que tirar um pneu, pensei: por que não tirar de vez o biscoitão e colocar os Kendas sozinha?

A única vez que tentei fazer isso foi tragicômica. Lembro até do dia: 24 de outubro passado. Separada há menos de uma semana, era a primeira sexta-feira à noite para fazer o que me desse na telha, sem programas ‘casalzinho’: ir ao cinema, sair para jantar, ver DVD comendo pipoca.

Toquei o rebu na comunidade dizendo que o programão de sexta era colocar o biscoitão na magrela. No dia seguinte, seria meu primeiro pedal em terra: Maricá via litoral.



Espremida lá no apart que tinha me mudado há apenas três dias, entre malas e sacolas de roupas jogadas, eu tentava arrancar os Kendas do aro. Havia feito um pouco antes o cursinho de mecânica da Kraft. E tava me achando toda-toda.

Qual não foi minha surpresa ao descobrir que pneus com arame não saíam assim fácil não, e que ainda quebram as espátulas de plástico? Deu 22h.

Depois de uma hora de tentativa, três espátulas quebradas e um dedo sangrando, coloquei uma roda em cada braço e saí a pé por Copa, um bairro estranho, atrás de um borracheiro 24h.

Num daqueles postos BR da Atlântica, conversa daqui, desenrola dali, e consegui um frentista boa-praça para trocar os pneus para mim: ele já havia trabalhado em loja de bike. Como estava sem espátulas, todas quebradas, foi com chave de fenda mesmo. Erro fatal.

Antes de dormir, depois de encaixar as rodas na magrela (que ficou sem freio traseiro, pois eu ainda não tinha chave Allen para regular, outro erro fatal), o pneu arria. Teria apenas quatro horas de sono e tinha que estar na Praça XV com uma bike de pneu arriado e sem freios. O pesadelo de qualquer ciclista.



Um amigo com rack de carro para bike me socorreu no dia seguinte, e lá nas barcas, os SGAs (Super-Gêmeos Ativar: John Paul Jones e o Imperador) resolveriam tudo para mim.



Hoje era o Dia D: ou trocava de vez essas porcarias sozinha ou jogava os pneus fora. Talvez pelo ultimato, talvez pelo tempo de uso, até que não foi tarefa difícil. Afinal, pneus são iguais aos homens: com o tempo, vão ficando meio frouxos mesmo. Agora rodo por aí de slick sem medo de ser feliz.

E com as espátulas de metal, tudo se torna fácil, muito mais fácil. Já sei, já sei, estraga o aro e blábláblá. Mas por enquanto, é o que há. Até eu comprar pneus melhores (e mais caros, claro). Mas tudo isso só pra falar do Noturnaço.



Dia do tradicional Paineiras noturno, com Gaúcho na liderança das picapes. Encontrei o povo na esquina da Bartolomeu Mitre e fomos pela ciclovia até Botafogo, onde chegamos a Laranjeiras. Encontramos a outra metade dos ‘nossos iguais’ e começamos a subir a Rua Alice.

Lá em cima, começou a ficar fresquinho, quase frio: Floresta à noite é tudo de bom. Na entrada do Mirante Dona Marta, parte da galera se animou a estender o rolé até a Vista Chinesa e descer pela Pacheco Leão, no Horto. Seria a primeira vez que faríamos isso, um Paineiras-Vista Chinesa noturno, ou como Milgram bem chamou, o ‘Noturnaço’.



Durante boa parte da subida, tivemos uma escolta aérea: um helicóptero sobrevoava a região, uma barulheira só. Sinistro, o bicho devia estar pegando em algum lugar perto. E o mascote do grupo se desgarra. Virou um ‘menino perdido’, digno das histórias de Peter Pan. Mas depois bem que encontramos o moleque.



No duchão, metade desceu para voltar a Laranjeiras e metade seguiu rumo ao Alto da Boa Vista. Chegamos no Postinho do Alto quase fechando, e a menina que estava lá no lugar da Ana Paula (em casa de pé quebrado) se assustou com a invasão de seres piscantes e de capacetes coloridos às 11h da noite.



Depois do pipi stop, seguimos para a Vista Chinesa. Aí a adrenalina já estava alta, nunca havíamos feito este percurso assim à noite, e tão tarde. Fomos todos juntinhos, de conchinha, só com os faróis iluminando o caminho. Tudo correu na mais perfeita paz, sem nenhuma desova pelo caminho nem assombração do Cadeirudo.



Trajeto provado e aprovado com fim de noite, ou melhor, início de madruga, na Cobal do Humaitá: pizzas e batatas-fritas radiotivas que brilham até no escuro. E com bacon à parte, já que Harry Potter é tão vegetariano que não come nem azeitonas, por serem carnudas. Quem gostou da história foi nossa medalhista de bronze. Muito bacon, pra ver se na próxima ela fatura o ouro.

3 comentários:

  1. Paineiras e vista chinesa a noite??...É impressão minha ou vocês são completamente loucos?? Iauza...se eu já tenho medo de ir lá de dia, que dirá a noite....

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  2. Ah, eu tenho vontade de pedalar, voces não?! Se não fosse assumidamente sedentária eu ia encontrar uma Margot pra mim.

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  3. Fiz o inverso na semana passada, subi a vista e desci pelas paineiras.
    É maravilhoso!
    Uma paz danada lá em cima.

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