terça-feira, março 31

TRIBO DO PEDAL: ESTÁGIO TERMINAL (3ª parte)

"Não havendo mais distâncias nem inclinações a superar, começam as alucinações. ‘Delirium tremens’ absoluto. Alguns relatos não confirmados - há muita mitologia nesse campo do pedal, sabiam? - dão conta de que já tentaram pedalar até Aparecida e voltar num único fim de semana.



A maioria desapareceu misteriosamente. Os raros que voltaram deixaram o pouco que restava de juízo em alguma parte do caminho e narram coisas como fachos de luz colorida e piscante e velocidades inacreditáveis.



Outras histórias mencionam ciclistas acordando seres fantásticos que grunhem na floresta iluminada por pirilampos esverdeados. E há um caso de um colega que, treinando para uma maratona no Aterro, viu uma criança pedalando uma bicicletinha e, não se contendo, tomou-lhe o brinquedo e saiu em disparada pela ciclovia. Nunca mais foi visto.



Dia desses, às 4 da matina, toca-me o interfone um nosso camarada. Àquela hora, só algo muito grave para justificar a visita. Desci para atendê-lo: todo equipado, colete reflexivo com leds luminosos, me diz:



“Cara hoje é o dia. Temos que ir para Búzios. Tá ventando contra e ameaçando chuva. A hora é essa. E se corrermos ainda podemos alcançar algumas ninfas tresloucadas dançando nuas na praia de Jaconé”.



Perguntei se ele andava comendo pirilampos na Vista Chinesa. Com ar espantado, ergueu a sobrancelha e jurou-me que não, com uma estranha luminescência esverdeada emanando-lhe do céu da boca. Este um verdadeiro XAMÃ.



Até que, por fim, o inevitável escatológico acontece. Você acorda sobressaltado numa manhã ensolarada, abre as janelas e anuncia ao mundo, em alto e bom som:

“VOU COMPRAR UMA SPEED!!!”"

2 comentários:

  1. Você é uma bela escritora... seus escritos têm um "quê" de realidade com ficção. Muito bom mesmo. Você poderia escrever os roteiros de, por exemplo, Cold Case, The Mentalist, Fringe... a parte do ciclocomputador é muito boa rsrsrrs

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  2. Olá Thaís, tudo ok? Adorei sua trilogia sobre a tribo do pedal.

    Falando em evolução, vou me arriscar a um relato, ok?

    Sou possuidor de uma bike muito básica (caloi aspen), que já sofreu algumas pequenas modificações para melhorias...mas ainda é uma aspenzinha.

    Já há alguns anos, venho tendo vontade de comprar um bike mais avançada, pois já que uso esta bike como meio de transporte para absolutamente tudo, concluí que era hora de fazer um up-grade em nome do conforto e da segurança.

    No entanto, o custo de uma bike melhor, para mim, é algo realmente pesado. Mais de mil pratas sempre me pareceu irreal...porém, decidi fazer a "loucura".

    Fui numa loja que já frequento há tempos e comprei o que pude. Uma caloi Supra 21v. (Eu queria mesmo uma caloi 2.4 ou uma sundown team 3000, mas os preços falaram mais alto).

    Muito bem. Saí da loja satisfeito por, finalmente, ter conseguido realizar o sonho de ter uma bike de alumínio, com amortecedores, um guidão mais confortável, etc...

    Adquiri a bike na segunda a noite. Fiquei na loja um bom tempo para que o mecânico pudésse fazer todos os acertos para aprontar a bike para meu uso.

    N manhã seguinte (terça) eu estava estreando a bike na ciclovia da lagoa. Estava num ritmo, relativamente forte, quando o pedal da bike se soltou!!! Tomei um tombo feio e machuquei gravemente uma das mãos elé de outras escoriações e dores musculares pela pancada.

    Quando caí, acho que por estar um bocado ferido, algumas pessoas vieram ajudar.

    Eu já não tomava um tombo feio de bike há mais de 15 anos. Nunca tive um problema desses com minha velha bike aspen, que, de um jeito ou de outro, nunca me deixou na mão.

    Com a velha aspen, fiz paineiras, vista chinesa várias vezes, além de usar no dia-a-dia....De repente, já de pé, mas bem machucado, me lembrei do quanto tinha gasto nesta nova bike, um dinheiro grande para mim, e no estado que me encontrava naquele momento, no dia de estreá-la....comecei a sentir um enjôo muito forte....talvez pelo susto, talvez por arrependimento.

    Então decidi que ia "voltar pra casa"...ou seja, voltar para minha velha bike. Montei na nova bike, que com o acidente, soltou o freio de trás e eu não conseguia consertar por causa de uma das mãos gravemente machucada e fui pedalando muito lentamente de volta para a loja.

    Cheguei lá e disse: "Quero meu dinheiro de volta".

    O vendedor ficou meio fulo, mas devolveram tudo. Eu sei que acidentes acontecem, mas não conseguia me conformar em ter pago mais de mil pratas e a bike se "desmontar" do nada, no primeiro dia de uso.

    Peguei minha grana e voltei pra casa com minhas feridas.

    Ainda não sei ao certo se compro outra bike ou não, mas por enquanto, vou ficar na minha velha aspen que sempre usei.

    Fiquei um tanto desolado e agora fico achando que meu lugar é na minha velha aspenzinha.

    Não sei se a reformo ou se compro outra....afinal, qual a diferença entre as bikes afinal?

    Será que as bikes tem sentimento?

    Perdoem-me por partilhar algo tão extenso, mas sendo um espaço para ciclismo, imagino que esses relatos possam ser úteis de alguma forma.

    Quem sabe, um dia, pedalo com voc~es?...Vocês aceitam um usuário de aspen?...hehehe

    Abraços.

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